Se eu pedir para você fechar os olhos e imaginar um boi, é provável que você imagine um animal da raça nelore. Essa raça é a mais popular nos pastos brasileiros e, com o passar dos anos, ela se tornou fundamental para o sucesso da nossa pecuária. 

Por isso, decidimos publicar um material contendo algumas informações e curiosidades sobre o gado nelore!

Origem na Índia 

O gado nelore tem origem na Índia, mais especificamente na província de Andra, no leste do país. Os primeiros animais da raça ongole, que deu origem ao nelore brasileiro, chegaram à Índia pelas mãos dos arianos, por volta de mil anos antes de Cristo. 

Chegada ao Brasil

No século XIX, os primeiros zebuínos indianos chegaram ao nosso país, de acordo com os registros históricos. Esses animais desembarcaram em Salvador. Um casal dessa raça estava a bordo do navio e foi comercializada na cidade. 

Anos depois, Manoel Ubelhart Lembgruber viu um casal de zebuínos ongole no zoológico de Hamburgo, na Alemanha. Ele decidiu importar um casal desses animais, iniciando um processo que mudaria para sempre a criação de gado no Brasil. 

Assim, exemplares de gado nelore chegaram ao nosso país. Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais foram os primeiros destinos dos novos animais. 

Origem das linhagens 

Os primeiros animais dessa raça não tinham sido submetidos às técnicas de melhoramento genético. Na Índia, eles eram usados para carregar peso ou na produção de leite. 

Já no Brasil, esses animais tiveram contato com outras linhagens importadas, como Karvardi, Taj Mahal, Golias e Godhavari — todos de origem indiana. Isso foi importantíssimo para criar um gado resistente ao nosso clima, pois o clima indiano é semelhante ao brasileiro. 

Brasil versus Argentina 

O rebanho argentino é bem diferente do brasileiro. Se por aqui o nelore reina soberano (80% do gado de corte), na Argentina, a raça mais popular é a Angus (50% do gado de corte), seguida pela Hereford (aproximadamente 30%). 

A explicação disso é o clima. Apesar de vizinhos, Brasil e Argentina têm climas diferentes nas regiões em que há predominância de pasto. Em nosso país, a maior parte da pecuária bovina se encontra no Cerrado, uma região de clima seco e quente. 

Isso não permite que animais de origem europeia, acostumados com temperaturas amenas, tivessem sucesso nas regiões nordeste e centro este. Por outro lado, eles se tornaram fundamentais no país vizinho. 

Isso não significa que não haja espaço para o gado nelore na Argentina. É possível encontrar animais da raça Brahman no país. Essa raça foi criada nos Estados Unidos, em 1994, e foi fruto do cruzamento de nelore, gir, guzerá e krishna. 

Um animal resistente 

Devido à sua resistência, o gado nelore costuma satisfazer os pecuaristas. Esse animal suporta bem o calor, pois tem pelagem curta e metabolismo mais baixo do que os animais de origem europeia. O nelore também se mostra resistente à parasitas — embora, logicamente, isso não signifique que o animal não precise de cuidados adequados. 

As principais linhagens do nelore

Atualmente, existem três linhagens principais dessa raça: Puro de Origem (PO), cuja ascendência é toda de animais nelore. Puro de Origem Importado (POI), são animais que vieram da mesma região que os ancestrais da raça e têm as características padrão de um nelore brasileiro. 

A última linhagem é a Livro Especial de Importação (LEI). Essa linhagem se refere aos animais fruto de aperfeiçoamento genético da raça. 

Quem diria que o gado nelore teria tanta história para contar, não é mesmo? Esse animal se tornou o símbolo da pecuária bovina brasileira. Como vimos, intensas pesquisas continuam sendo desenvolvidas para tornar o nelore ainda mais forte e atrativo para os produtores nacionais. Hoje, o gado nelore alimenta milhões de brasileiros e pessoas mundo a fora, sendo exportado para mais de 146 países.